A 'pharmacia' de outrora

A 'pharmacia' de outrora

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

IV - Medicamentos fitoterápicos do passado



Por esse mesmo tempo diversos médicos e farmaceuticos - como o Visconde de Sousa Soares e o Dr Almeida Cardoso - criaram laboratórios de tendências homeopática empregando no entanto a matéria médica tradicional ou fitoterápica, o que deu inicio a confusão referida no primeiro capítulo deste livro.




Outro medicamento que fez fama em nosso pais foi o elixir de salsa, nogueira e guaiaco do Dr João da Silva Silveira, aquele cujo rótulo estampava um homem bigodudo, a saber o próprio Dr Silveira... segundo se dizia ao tempo este elixir funcionava como uma autêntica panaceia dando cabo de todas as doenças contidas no léxico.



Famosa por sua exótica arquitetura era a sede da empresa no Rio de Janeiro...



A esta mesma época - as três últimas décadas do décimo nono século - pertence o bálsamo alemão de Nohascheck cuja fórmula (em que entram terebintina e extrato de Junípero) remonta a 1744!!!


Corria o ano de 1888 quando cidadão João Gabriel Firmino Figueiredo compôs um extrato de aroeira, angico, mandacaru e camapu destinado a lavar ferimentos. Esta composição - que mais tarde recebeu o nome de Sanativo - veio a ser premiada na exposições de Paris (1889) e St Louis (1904) e ainda hoje é fabricada pelo laboratório Laperli, o qual comercializa também a fantástica Cassia virgínica.






Na década da seguinte acompanhando a instauração do novo regime aparecem no Brasil os medicamentos do Dr Ayer como o peitoral de cereja e a salsaparrilha, os quais - como é indicado pelos próprios nomes - também bebiam do repositório tradicional embora fossem importados.




Na passagem do século XIX para o XX é lançada em nosso país a famosa emulsão de Scott, basicamente constituída por óleo de figado de bacalhau. Tornou-se rapidamente o terror da molecada devido a seu gostinho, digamos, acre...



Cerca dos 900... também faz sua aparição entre nós a Aveleira sagrada... e o Elixir paregórico uma tintura opiácea que até então costumava ser importada da Europa e que era empregada em situações de cólicas.




Em 1902 são lançadas as pastilhas de seiva de eucalipto Valda.





Já na primeira segunda década do passado século foi a vez do Laboratório Simões RJ lançar o afamado Elixir 914 um composto em que entravam salsaparrilha, laranjas amargas, pé de perdiz, nogueira, fumária, carobinha, cipó suma, samambaia, baunilha e badiana. Posteriormente o mesmo laboratório lançou o




Fimatosan este com jucá, guaco, agrião, cambará, maracujá, erva silvina e óleo vermelho. Ambos os medicamentos tiveram ampla aceitação no decorrer do seculo.



Em 1916 começou a ser fabricada a Olina. Trata-se de um digestivo em cuja composição entram: aloé, angélica, canela, galanga, genciana, ruibarbo e mirra.






Pelo mesmo tempo Manuel Bernardino de Barros lançou sua Tayucaroba e o Lab Goulart seu elixir de Inhame, aquele que 'depura, fortalece e engorda'.




A casa granado para concorrer lança sua água inglesa de Cinchona (hoje fabricada pelo Lab Catarinese) e sua água de Melissa com cravo e jacapé.






Na década de vinte aparece os miraculosos xaropes: S João - em cuja composição entravam beladona, acônito e mulungu - e Queiroz, este com limão bravo.




Nas décadas de trinta e quarenta o laboratório Fontoura & Serpe lança sua linha de fitoterápicos hidro alcoólicos, dentre os quais: valeriana, castanha da índia, cascara sagrada, carqueja, ipeca, melissa, etc




Galenogal é um elixir feito com cascas de salgueiro que já circulava pelos anos 40.




Entrementes fazia sucesso a maravilha curativa do Dr Humphreys, um extrato de Hamamelis Viriginica destinado a aliviar as dores produzidas por golpes e pequenos ferimentos.






Aparecem os xaropes de grindélia e de mussambê e mutamba. Posteriormente a grindélia entrou na composição de Broncofenil, juntamente com acônito, balsamo de tolu e lobélia.




Pelos idos de 1950 a Pharmaervas lança a estomalina em cuja fórmula entram: losna, espinheira, angélica, hortelã, boldo e camomila.




Temos notícia de que o Laboratório Catarinense já distribuia o balsamo branco e o extrato de Camomila.



A pomada Imescard - cujo princípio ativo era nossa erva de bicho - dava conta das hemorroidas e a auriscedina das otites rebeldes. Ambos eram e ainda são fabricados pelo lab Osório.




As pílulas com aloe vera do abade moss regulavam os intestinos por mais obstinados que fossem... outros recorriam ao Agarol.

Havia a Camomilina C que era ministrada as criancinhas quando do nascimento dos primeiros dentes.




Becolina era ( e é) um xarope de Ipeca destinado a debelar as crises de tosse.




Ainda nesta época aparecem a Malvona e o anapyon (este a base de aroeira).






Mel rosado, tintura de genciana, alcool canforado, magnésia fluídica de Phyllips e extrato de arnica era coisa que se encontrava em qualquer 'pharmacia' juntamente com as pílulas de Lussen, excelente anti séptico das vias urinarias composto de beladona.



Timborol era um sabão destinado a dar cabo da sarna e dos carrapatos e o timbo sua matéria prima.

A partir de então principia o domínio dos sintéticos e muitos destes medicamentos tradicionais, que haviam aliviado gerações

Além destes foram lançados em datas que não puderam ser apuradas:





  • O peitoral de angico pelotense (Já circulada pelos idos de 1870!!!)
  • O peitoral de pinheiro

  • O elixir Dória
  • A Euboldina


  • O linimento de Kraemer


  • O linimento de Sloan 


  • Vinho reconstituinte Silva Araújo 


No entanto apenas um pequeno número destes medicamentos logrou chegar ao tempo presente.

Com grande prejuízo para o bolso e a saúde de nosso bom povo.





5 comentários:

  1. Eces tenque voltar remédio que cura coisa boa

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  2. Muito bom gostei muito da retrospectivaa

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  3. Muito bom, lembro que meus pais usavam algumas destas medicações realmente são do tempo em que elas curavam as pessoas e NÃO adoeciam.muito bom relembrar...

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  4. Excelente matéria todos esses fitoterápicos foram muito eficazes e sem tantos efeitos colaterais.

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